Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
OUÇA
[adrotate group="9"]
Reviews

Creepy - Contos Clássicos de Terror - Volume 1

22 março 2013

creepyEditora: Devir - Edição especial

Autores: Archie Goodwin, Arthur Porges, Otto Binder, Larry Engleheart, Russ Jones, Bill Pearson, Larry Ivie e Joe Orlando (roteiros) e Frank Frazetta, Reed Crandall, Jack Davis, Joe Orlando, George Evans, Al Williamson, Alex Toth, Gray Morrow, Angelo Torres, Al McWilliams, Maurice Whitman, Roy Krenkel e Bob Lubbers (arte).

Preço: R$ 49,00 (capa cartonada) e RS 60,00 (capa dura)

Número de páginas: 256

Data de lançamento: Agosto de 2012

Sinopse

O volume reúne os cinco primeiros números da série de horror publicada originalmente na lendária revista Creepy, nos anos 1960.

Positivo/Negativo

Nos anos 1940 e 50, o sucesso dos quadrinhos de terror e suspense da EC Comics renderia uma série de imitadores e uma verdadeira "caça as bruxas" da histeria norte-americana da época promovida pelo macartismo, período de intensa patrulha anticomunista nos Estados Unidos, e o famigerado psiquiatra Fredric Wertham e seu livro, Seduction of the Innocent.

Se quiser saber de toda essa história a fundo, pode apreciar os textos de Alessandro Abrahão sobre a trajetória da editora: A espetacular EC Comics e EC Comics: da glória ao ocaso.

No Brasil, uma amostra das histórias de terror da EC foi publicada na Cripta do Terror (Record), que surgiu em 1991 e durou apenas sete números.

A coletânea Creepy - Contos clássicos de terror reúne os primeiros números da revista homônima da editora Warren, a mesma que ganharia fama anos depois com a personagem sex symbol Vampirella. A republicação em que a edição nacional se baseia saiu pela Dark Horse.

Produzida de 1964 a 1983, a Creepy - seguindo a fórmula da antecessora - tinha um time de assombrosos talentos, como os escritores Archie Goodwin (o mais prolífero deste volume), Larry Engleheart, Otto Binder, Larry Ivie, Bill Pearson e Russ Jones, além de artistas do calibre de Joe Orlando, Alex Toth, Gray Morrow, Al Williamson, Frank Frazetta, Al McWilliams, George Evans, Angelo Torres e Reed Crandall.

Dentre os veteranos, jovens artistas como Bernie Wrightson e Neal Adams demarcavam seus nomes nos traços detalhados e realistas que o material exigia. Infelizmente, esses quadrinhistas ainda não desenhavam o título nos primeiros números presentes no volume, que abrange 1964 e 65.

Em histórias curtas, o mal prevalecia para todas as espécies tradicionais do terror, como vampiros, lobisomens, múmias, vodu, demônios, fantasmas e monstros de todos os tipos.

Apesar dos belos estilos que desfilavam pelas páginas explorando (às vezes, sem muita imaginação) os alicerces do terror, se o leitor não estiver à vontade para se deixar levar pelo modus operandi da época, vai se sentir incomodado com a narrativa "quadrada", por vezes pedante ou previsível.

Mas alguns contos se sobressaem pela criatividade, como a pérola A história de sucesso, na qual a dupla Goodwin e Williamson mostra os bastidores da fraude na própria indústria de quadrinhos, com direito a retratação de personagens reais.

Outro ponto alto são as adaptações, como um conto de Bram Stoker (A casa do juiz!) e Edgar Allan Poe (Coração delatador). O terror também é transportado para o espaço ou para o Velho Oeste em algumas histórias, com destaque para uma série de sci-fi baseada em Isaac Asimov sobre um robô chamado Adam Link, criado por Otto Binder e Joe Orlando.

Pincelando o verniz do humor, quem abre e fecha as histórias é o personagem Titio Creepy, o anfitrião do título que carrega nos adjetivos pomposos e na prosódia para dialogar com o leitor. Outra ideia baseada nos títulos da EC Comics, que tinha narradores como O Zelador da Cripta, A Bruxa Velha e O Guardião da Câmara.

Uma curiosidade é a propaganda da época, encartada entre os números da antologia. São anúncios de produtos relacionados ao terror usando o mesmo vocabulário do decomposto anfitrião.

A edição da Devir está bem cuidada, com capa do traquejado Jack Davis e acabamento em brochura com laminação fosca, reserva de verniz e orelhas (na capa cartonada, com preço mais em conta) ou em capa dura. O miolo, em preto e branco, é impresso em off-set, com as oito últimas páginas coloridas em papel couché, para as capas originais das revistas.

Um ponto negativo é a impressão, que fica escurecida na cor e "lavada" no preto e branco. Uma questão que se alastra para outras edições da casa.

E vale a dica: não confunda Creepy - Contos clássicos de terror com outro clássico das HQs de terror da mesma Warren, a revista Eerie, dos anos 1970, também republicada pela Dark Horse em forma de coletâneas. Esse título já ganhou dois volumes no Brasil, pela Mythos, em 2011, com o nome de Cripta - Os clássicos de horror da revista Eerie.

Classificação

4,0

Leia também
[adrotate group="10"]
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA